Brasil reforça compromisso com declaração do G20 para enfrentar impactos da mudança climática na saúde
Em mais um painel do primeiro dia do G20 Saúde, sobre “Mudança do Clima e Saúde”, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, reforçou o compromisso do Brasil na declaração ministerial sobre mudanças climáticas e saúde. A agenda desta terça-feira (29) trouxe foco no risco emergente à saúde, destacando que, segundo dados da ONU, 25% das causas de morte no mundo têm origem ambiental, com milhões de óbitos associados à poluição.
“Estamos analisando um horizonte de 10 anos. A inteligência artificial, a desinformação e os riscos globais estão entre os desafios, mas o risco climático é o maior deles. E é, principalmente, um risco para a saúde”, afirmou Ethel Maciel.
Em 2023, o Brasil enfrentou uma emergência climática que se intensificou em 2024, com inundações no Sul e seca severa na região Norte. Para coordenar a resposta a essas situações, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, criou uma Sala Nacional de Emergências Climáticas em Saúde, que permite ações rápidas e coordenadas frente a esses eventos.
Planejamento e ações estratégicas para o clima
Ethel Maciel mencionou que o Brasil está desenvolvendo o “Plano Clima”, que deve ser finalizado em novembro e será aberto para consulta pública, em preparação para a COP 30, a ser realizada no Brasil. “Estamos comprometidos em ouvir a população e garantir o controle social”, declarou. Ela também destacou que o presidente Lula estabeleceu um comitê de sete ministérios convergentes e instituições para coordenar esforços intersetoriais entre saúde e ambiente, fortalecendo as ações integradas do governo.
Outro ponto importante é a abordagem focada em equidade, voltada principalmente para mulheres e crianças, que são as mais afetadas pelas mudanças climáticas. A secretária Ethel alertou sobre as transformações nos padrões epidemiológicos de doenças como dengue e oropouche, agravadas pelas altas temperaturas que influenciam a propagação dos vetores. Segundo ela, o Brasil já vem lidando com epidemias de dengue há quatro décadas, mas o impacto do aquecimento global intensificou a transmissão, ampliando a circulação do oropouche por todas as regiões do país.
Compromisso e iniciativas parceiras
O painel contou com a participação de autoridades globais e executivos do setor privado, que também se comprometeram com a agenda climática. Victor Dizau, presidente da National Academy of Medicine, enfatizou a importância da colaboração entre setores para alcançar as metas climáticas do G20. “O Brasil tem se destacado nessa área, mostrando que o trabalho conjunto é essencial para transformar a economia e enfrentar o impacto do clima na saúde”, disse Dizau.
A diretora de políticas públicas de vacinas da MSD para a América Latina, Ana Flávia Carvalho, reiterou o impacto desproporcional das mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis, destacando a necessidade de parcerias para minimizar os impactos. “Não há uma única solução para as mudanças climáticas, por isso estamos trabalhando de forma conjunta para encontrar respostas para a saúde humana e animal”, afirmou.
Marilia Gusmão, chefe de assuntos corporativos no Brasil da AstraZeneca, ressaltou que a companhia investe em parcerias em países estratégicos, incluindo o plantio de 12 milhões de árvores em São Paulo e a colaboração com a Fiocruz para ampliar o acesso a vacinas. “É necessário entender que estamos todos na mesma mesa e que a colaboração é essencial para enfrentar esses desafios”, ponderou.
O painel do G20 evidenciou a importância de uma resposta coordenada e abrangente, que vai além do setor da saúde, como afirmou a secretária brasileira Ethel Maciel: “o Brasil está comprometido em avançar com a abordagem de Uma Só Saúde para promover um futuro mais justo, transparente e com acesso à informação”, concluiu.